O “Cuidado Originário” nasce em meio à pandemia do corornavírus, embora já estivesse sendo gestado há muito tempo. De início pensei que este “nome” abençoaria o meu trabalho com gestantes, desde a concepção à parentalidade. Somos todos Cuidado, pois o Cuidado antes de se tornar “verbo” é um Ser, sua maneira única de ser e estar no mundo. É como nos apresentamos e somos apresentados, Cuidado. Somos Cuidado quando fomos cuidados pelos nossos cuidadores, mãe, pai, parentes, amigos, amores, animais, plantas, o ar, o chão, a Terra. Cuidamos de nós mesmos e de quem nos cuidou numa corrente à qual estamos atados transgeracionalmente. É disso que se trata o Cuidado Originário, o cuidado à Vida numa perspectiva que vai dos nossos ancestrais às gerações vindouras. Conhecemos e vivemos apenas um pequeno elo desta corrente nesta vida, mas há “uma coisa” que é aquilo que nos atravessa e que quando é interrompido cria uma fissura, uma fenda, uma fratura originária.
Frente à pandemia estamos isolados e juntos numa mesma humanidade. A ideia da humanidade sempre me foi estranha, quase abstrata. Ainda não sei o que dizer dela, porque tudo o que se diz não diz nada para mim. Ainda falta muito para que o sentimento de humanidade se torne real, a descoberta de que algo nos una para além de todas as diferenças. Talvez a nossa fragilidade neste momento nos faça lembrar aquilo que cada um esqueceu. E como cada um esqueceu uma parte e não o todo, que possamos cuidar de reunir as peças todas, em uníssono com o Som Originário, o Silêncio, no qual cada pessoa recupera seu tom único enquanto manifestação do Todo, criando e co-criando a Vida.
A minha proposta, ao trazer o Cuidado Originário como método, no sentido grego de caminho, consiste em oferecer uma terapia que integra corpo, alma e pensamento, valorizando o autocuidado e o conhecimento de si, centrados na singularidade da pessoa humana. Acompanhamento de quem concebe e gera filhos e/ou projetos de vida. É particularmente indicado para o acompanhamento em situações de crise e mudanças na forma de viver: crise do coronavírus, mudança profissional, aposentadoria. Em momentos de transição, adolescência, escolha profissional, maternidade (gestação, parto, puerpério) e paternidade conscientes, terceira idade, e o acompanhamento da morte, incluindo-se os cuidados paliativos e o acompanhamento da família. Faz-se urgente reencontrar o sentido da vida e do viver e contemplar uma nova direção.
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